Borja é centroavante comum, craque ou grosso?
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De Vitor Birner
Jogo da Libertadores
O Palmeiras não perdeu do Barcelona porque Borja iniciou no time. A proposta de jogo e principalmente a execução geraram o resultado.
Cuca sabe que o time do Equador tem na transição em velocidade a maior virtude para conseguir os gols. Por isso, ao invés de tomar a iniciativa, preferiu oferecer-lhe a bola. Escalou Thiago Santos, Bruno Henrique e Zé Roberto, todos volantes, e encarregou o veterano de ser o meia.
Optou por Dudu e Willian pelos lados no ataque. Pretendia aproveitar as lacunas que o sistema de marcação do Barcelona inevitavelmente abriria.
Mas houve muitos equívocos na proposta.
O zagueiro Juninho atuou na lateral e perdeu lances na velocidade. Naquele setor os equatorianos conseguiram muitas vezes ir à linha de fundo. O meio de campo tinha dificuldade no toque de bola; nem conseguiu mantê-la para cadenciar o ritmo e diminuir a intensidade do andamento, e nem criou oportunidades ao centroavante.
Em suma, de todos que entraram no gramado, colombiano foi dos menos responsáveis pelo tropeço.
O semestre ruim
Apenas Botafogo e Fluminense têm mais derrotas que o Alviverde na temporada. Me refiro apenas aos clubes da elite do nosso futebol.
O desempenho fraco do centroavante é uma parte do problema . Foi recebido por muitos torcedores assim que pisou em solo nacional, e carregado nas costas como se fosse a grande contratação da temporada.
No início pareceu acomodado. Depois houve o tal do 'choque de realidade'. Percebeu a necessidade de melhorar tanto na tática quanto na técnica. o
O atleta se esforça e por enquanto continua frustrando a expectativa da torcida.
Lembro que de 2011 a 2015 comemorou 'apenas' 27 gols. E na temporada de 2016 conseguiu 39. O Palmeiras, quando o contratou, sabia das oscilações e que poderia ser atípico para o próprio atleta o desempenho na última Libertadores.
Afirmação do ídolo
Numa conversa de bastidores com grande ídolo do Palmeiras, meses atrás, falamos sobre o centroavante. Citei que era forte e tinha velocidade para contribuir com o time.
O ex-jogador rebateu: ''É grosso''. Perguntei se não havia exagero nessa avaliação e o mesmo a repetiu enfaticamente, emendando que discordava da contratação. O treinador do time era Eduardo Baptista quando houve tal diálogo.
Desde então, o campo repete o que o atleta colecionador de conquistas afirmou.
Borja recebe oportunidades e rende menos que o necessário para o time.
Tem que contribuir
Há pouco mais de 2 meses escrevi que Borja não necessita ser o atleta de alto nível da última temporada. O ideal é que mantenha o padrão, mas basta contribuir para o time ganhar, ser construtivo.
O Alviverde, com ou sem o artilheiro, montou elenco, apesar do problema na lateral-esquerda, que o coloca entre os favoritos para conquistar qualquer torneio dentro do continente.
Para isso se refletir em futebol dentro dos gramados, é urgente melhorar o coletivo.
O treinador tem competência e a direção cumpre o que acertou com o grupo de jogadores.
A expectativa da torcida é enorme. Se o centroavante é comum tal qual tem mostrado seu desempenho, craque ou grosso, teremos mais convicção no final da temporada.