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Palmeiras e Flu têm razão no caso de Richalison; é o jogo do capitalismo

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De Vitor Birner

Dinheiro e objetivos

O Palmeiras quer contratar Richarlison. Houve, de acordo com o que li, as conversas da direção do clube com o empresário do atleta e a disponibilidade para investir 11 milhões de euros.

Em seguida, o jogador se recusou a ir com o elenco para São Paulo, onde o clube de Laranjeiras atuará contra o do Allianz Parque. .

Pedro Abad, presidente do Fluminense, irritado, afirmou que as negociações serão encerradas e elogiou o atleta.

Quis amansar a torcida e mexer com a estima do atleta.

O jogador, na prática, foi o único que se equivocou. Tinha de cumprir o combinado com o Fluminense que lhe remunera mensalmente. Obviamente tomou a decisão após orientação ou no mínimo apoio de quem o agencia .

Tanto faz se os cartolas do Alviverde sugeriram a ausência no jogo. Não sei se houve isso, mas a discutível ética que o capitalismo impõe exige apenas o cumprimento do dever com o atual patrão. Essa é a regra de mercado que o próprio Fluminense praticou quando tinha uma empresa investindo mais do que valia a marca da agremiação.

O atual campeão dos pontos corridos tem, hoje, apoio de uma instituição que afirma pagar além do que necessita para aparecer no uniforme. No futebol, é  o que se chama de 'patrocinador-torcedor'.

Se houvesse formação de uma liga com regulamentação própria ou sistema econômico distinto do atual no país, a iniciativa do Palmeiras poderia ser considerada irregular.

Nos moldes atuais foi normal, O Flu, com razão, tem direito de recusar, pois sequer recebeu a proposta com pleno valor da rescisão determinada no contrato.

Lembro que o atleta é remunerado e tem o direito de escolher pelo clube que lhe pagar mais e oferecer condições melhores para ganhar torneios, se assim sonhar e quiser.

Pessoalmente, não acho essa dinâmica construtiva para a harmonia coletiva. Se tivesse ingerência alteraria..

Mas sob a regulamentação atual de mercado e que todos os clubes aplicam quando têm mais dinheiro que os outros, esse tipo de concorrência é padrão e parte do jogo fora dos campos.

O cenário nacional para facilitar compreensão

O Brasil é capitalista e o empresariado, com apoio de grande parte da população, tem se mostrado cada vez mais favorável ao liberalismo. Os leitores escutam muito sobre privatizar empresas estatais e encerrar a interferência do estado na dinâmica do mercado.

Nesse país que avaliou o governo petista como de esquerda, apesar da política em prol de empreiteiras e de nem fazer cócegas nos bancos que oferecem rendimento ridículo para quem aplica dinheiro em opções conservadoras e cobra juros gigantescos se aceitar emprestar o que têm, simplesmente porque distribuiu ao povo migalhas negadas sob a gestão de outras siglas, quase todo tipo de concorrência é válida, inclusive no futebol.