Blog do Birner

Alviverde pode jogar mais futebol; a saída de Gabriel Jesus pouco explica

birner

De Vitor Birner

Podia ser melhor

O Palmeiras deve ao torcedor grandes atuações.  É normal o time oscilar, a tendência é engrenar, mas no meio da temporada o desempenho tinha que  ser mais compatível ao potencial do elenco.

As individualidades e a sorte mantiveram o clube na Copa do Brasil e Libertadores. No torneio nacional ganhou do Inter jogando menos futebol que o oponente;  no continental o grupo de nível técnico ruim, talvez o mais fraco de todos, facilitou.

A maior referência é a campanha do Alviverde no 2° semestre do ano passado.  Aquele time, se jogasse esses torneios que citei,  não necessitaria dos acréscimos grandes e lances fortuitos para conseguir resultados positivos.

O declínio é exagerado.

Havia, ontem, apenas duas alterações na formação que ganhou os pontos corridos; entraram Felipe M. e Willian,  se machucou Moisés e saiu o Gabriel Jesus.

Em busca do entrosamento que sumiu

Cuca preferiu recusar a renovação,  Eduardo Batista foi o contratado e recebeu o bilhete azul quando os cartolas souberam que o predileto aceitaria retornar ao clube. Os técnicos citados têm proposta de futebol distintas. Essa dinâmica comprometeu a força do coletivo.

O Palmeiras, como time, tem sido no máximo mediano. A impressão é que os atletas se reuniram há pouco tempo e nunca haviam atuado uns com os outros, mas na prática se conhecem e sabem que podem elevar o padrão de futebol.

Treinador tenta encontrar a formação e o esquema tático mais construtivos. Opções, tal qual o torcedor sabe, há aos montes em quase todas as posições do time.

O fraco desempenho de Borja e a idade de Zé Roberto afirmam que há brecha no elenco para centroavante capaz de incomodar o colombiano e um lateral.

Isso não é o bastante para o time ter caído tanto de produção. Tem mais dificuldade para manter a bola no campo de frente, investe muito na transição em velocidade, inclusive quando atua diante de agremiação com elenco menos técnico, perdeu intensidade, capacidade para se concentrar e impedir oscilações durante os jogos, e a força no sistema de marcação

Soberba inconsciente na maioria dos torneios

Além dos problemas de entrosamento, há os de empenho.

Quem observa a intensidade do time nos jogos da Libertadores, sabe que foi maior que a dos clássicos no estadual,  mata-mata diante da Ponte Preta, Copa do Brasil,  e atuações nas 3 rodadas dos pontos corridos.

Nem adianta procurar alguém para criticar e eliminar como solução milagrosa para a melhora no desempenho. 'Eduardo Baptista saiu e a intensidade ou baixou ou foi mantida. Os atletas não são preguiçosos ou displicentes.

A direção reforçou o elenco.

Há estrutura para o desenvolvimento do time. Os cartolas cumprem o que acertaram com os jogadores. Tecnicamente,  as ferramentas e as pessoas qualificadas para o êxito estão no clube.  A impressão é que tropeçam ao gerenciar a temporada.

A prioridade é a Libertadores, querem muito ganhá-la e naturalmente se dedicam mais. Nem os reservas tiveram a fome de bola necessária ao atuarem nos pontos corridos.

Na teoria, todos no Alviverde almejam outras conquistas, mas na prática a motivação é menor nesse início do grande torneio no país (muitos atletas têm dificuldade para assimilar que cada jogo é relevante) e foi durante a maioria da temporada.

O empenho anda de mãos dadas com o tamanho dos sonhos.

Essa máxima é tão antiga quanto contemporânea dentro do futebol.

O que cabe para cada integrante

Alexandre Mattos é quem gerencia os maiores problemas no elenco. Pode dialogar, exigir, mas não há a fórmula universal e precisa para aumentar a ambição e a competência nos jogos.

O prazo para a melhora é o da capacidade de assimilação do elenco.  Quanto maior for a concentração,  mais rápida será a assimilação das propostas que o treinador implementa, o fortalecimento dentro dos gramados, e a facilidade para conseguir resultados positivos.

Ressalto algo que parece ter sido esquecido em meio à empolgação pela contratações e construção do grupo de atletas forte dentro do continente. Tem bons jogadores e opções, mas craques capazes de ganharem muitos pontos e torneios em lances individuais não há no elenco. Por isso todos necessitam agregar virtudes em prol do coletivo.

Palpite na competência 

A tendência é o time se empenhar mais durante a temporada. Os resultados e o futebol provavelmente serão melhores no 2° semestre.

O cartola competente sabe gerenciar o elenco.  Os atletas têm potencial. São favoritos tanto nos torneios do país quanto nos do continente.

Há mais candidatos para conquistas, poucos podem montar o time tão competitivo quanto o do Alviverde e nenhum tem potencial de elenco igual ao do clube do Allianz Parque.

A mania de individualizar o coletivo

Borja, diante do Inter, entrou no 2°t e depois do gol que classificou o time às quartas de final, recuou para recompor o sistema de marcação.

Antes. o centroavante raramente atuava atrás da linha que divide o gramado. Isso mostra que talvez aumente o empenho em prol do Palmeiras.

A ausência de Gabriel Jesus é sentida, mas a queda no rendimento tem mais motivos além da negociação do centroavante. Se entrasse agora no gramado pelo Alviverde, melhoraria o entrosamento e movimentação na frente, e aumentaria a capacidade de o sistema de marcação atuar adiantado.

O time seria mais forte.

Mas avaliar que a saída do centroavante explica o desempenho abaixo do possível é fechar os olhos para o que tem de ser melhorado, desvalorizar todo o elenco, esquecer que o da atual temporada em geral é mais capaz que o da anterior e, principalmente, achar que há a solução simplória para o que necessita e pode ser alterado no futebol da agremiação.