Blog do Birner

Me pergunto se o futebol tem algo contra o Atlético de Simeone

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De Vitor Birner

Todo o possível

A ciência, os números e as propostas coletivas são indispensáveis porque aumentam as possibilidades de os clubes conseguirem o que pretendem na temporada.

Os alicerces da preparação têm que ser praticados, desenvolvidos, são indispensáveis, mas ao contrário do que muita gente afirma, oferecem apenas parte de garantia.

Tenho convicção que os técnicos na semifinal da Liga dos Campeões, se tinham dúvidas disso, aprenderam mais sobre o esporte mágico. O do Real Madrid com o sorriso e o do Atlético impotente enquanto tentava as vãs soluções para os atletas atuarem no mínimo dentro do rotineiro padrão.

A preparação elogiável e o desempenho 

O Atlético atingira o ápice do próprio desempenho na temporada. Atuara 8 vezes em abril e em todas obtivera gols e resultados positivos.

Foram 14 favoráveis. Apenas duas vezes Oblak teve que buscar a bola onde qualquer goleiro tenta impedir. Esses jogos terminaram com empates que mereceram aplausos da torcida.

Conseguiu 0 1×1 no clássico do Santiago Bernabeu pelo campeonato do país,  e em Londres, contra o Leicester, na classificação para a semifinal da Liga dos Campeões.

O elenco adquiriu a estabilidade para tentar ganhar o torneio e encerrar em alta a temporada.

O último jogo havia sido o 5×0 frente o Las Palmas no Estádio Gran Canária. O pequeno clube, diante dos seus seguidores, tropeçara duas vezes no torneio de pontos corridos.

Tudo indicava que a semifinal seria difícil para ambos os times da capital  Era impossível imaginar que o Madrid teria tanta moleza para impor o ritmo, finalizar e conseguir o resultado que o torna favorito.

Me pergunto como o técnico mais rodado poderia antever a abrupta queda do rendimento. Tem o perfil dos que permanecem atentos. Identificaria acomodação, problemas com algum atleta, ou nariz torto que diminuísse a união no gramado.

O 'hermano' saberia do declínio grande do estágio de preparação física e capaz de anular o que implementa na temporada. .

Ou seja: nada havia para o treinador consertar ou reorganizar. Estava tudo nos conformes e, ao entrar em campo,  o padrão tão competitivo quanto elogiável simplesmente sumiu no elenco.

Nem adianta cogitar a formação ou a tática. O 4-4-2 intenso amoleceu, a imprescindível compactação das linhas afrouxou e houve brechas pelos lados, as mesmas com as quais  inutilmente  sonharam os superados pelo Atlético no mês de invencibilidade.

A solução, o vilão, o grande equívoco e as tradicionais respostas são inócuas e pobres para embasar o que houve com um dos grupos de atletas mais bem preparados e guerreiros do planeta.

Resta a todos a tentativa da improvável classificação no Vicente Calderón. Observar e entender os momentos em que o esporte foi cruel e driblou os méritos e o esforço dos seres humanos é gesto de sabedoria e fonte de fé onde pingam as gotas que mantêm a expectativa do milagre da classificação.

A prática que contrariou a teoria   

O Atlético disputou duas finais de Liga dos Campeões, nessa década, diante do Real Madrid.  Bateu na trave da conquista.

Merecia ganhar a primeira em que o Sergio Ramos igualou o resultado nos acréscimos e o time de Simeone, na prorrogação, desmoronou na parte física porque o elenco de poucas opções dividiu forças nas tentativas de conquistar o torneio continental e o de pontos corridos.

Na seguinte. tropeçou na série de pênaltis.

A semi na teoria podia ser seria menos complicada que essas finais.

O maior ganhador na Europa oscilou. Em todos os jogos, tanto na fase de grupos quanto na seguinte, tomou gols. Os desempenhos de ambos  sugeriam que a possibilidade da eliminação inédita no clássico  era maior que nas edições anteriores da Liga dos Campeões.

Na prática o que tem muito mais troféus conseguiu o vareio, foi exímio, e mereceu o resultado.

De inédito, mesmo, houve o apagão de quem necessita golear para se classificar. Após Simeone ter sido contratado, essa foi a atuação mais fraca do time no mata-mata da Liga dos Campeões.