Blog do Birner

São Paulo tem que avaliar eliminação como bênção; pode salvar a temporada

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De Vitor Birner

Acima das estatísticas

As reclamações de Ceni porque o Corinthians fez gols, ambos de Jô, impedidos nas semifinais, tem embasamento nas regras do futebol.

Talvez, se fossem cumpridas, o classificado seria o clube do Morumbi.

O andamento de ambos os jogos afirmou que tal raciocínio é impossível de ser confirmado. O Alvinegro teve méritos e, em alguns lances que todos os times do planeta pretendentes às conquistas necessitam avaliar como imprescindíveis, foi mais forte.

Me refiro aos cruzamentos e à competência do sistema de marcação.

São Paulo investiu nos lançamentos por cima. tentou muitos, e raros geraram dificuldades para Cassio.  Os poucos que o oponente fez redundaram em oportunidades melhores, uma do Pablo e a de gol do centroavante.

Simples para quem acompanha o futebol

Se o Alvinegro fosse incompetente tal qual o oponente é por cima, e o eliminado mostrasse solidez como a do classificado nesses lances em ambos os clássicos, São Paulo ganharia com facilidade. Esse é o exemplo preciso para quem repete o clichê de afirmar que a conjunção subordinada casual não entra em campo.

Todos ao invés de a dupla

O acerto tem que ser coletivo. Nem adianta olhar para os zagueiros, de ambos os clubes, e despejar críticas ou elogios.

Isso é resolvido nos Centros de Treinamentos e deveria ser a prioridade para quem almejava conquistar o Estadual e a Copa do Brasil.

A eliminação abençoada para o clube

O treinador colocou o time misto na Sul-Americana. Avaliou que as conquistas do Estadual, irrelevante para o clube, e a nacional inédita para a instituição eram as mais relevantes no planejamento da temporada.

A sorte da agremiação é que o secundário oferece maior projeção e os tropeços irão forçar o técnico a investir no torneio continental e no de pontos corridos.

Os dois, desde o início, tinham que ser as prioridades. Oferecem maior projeção e as dificuldades são pouco menores para o clube festejar a classificação à Libertadores.

O técnico tinha que gerenciar jogos em seguida e agora poderá acertar o que é necessário porque haverá aumento das atividades do CT da Barra Funda

Tem que fortalecer o sistema de marcação nos cruzamentos, é urgente,  além de aumentar o repertório de lances de bola parada, o de criação e, principalmente, elevar o padrão da preparação física, pois a condução do elenco prometia atletas estourados ou cansados no início dos pontos corridos.

A referência Tite

O Corinthians ganhou a Libertadores na temporada em que foi eliminado no Estadual, dentro do Pacaembu, pela Ponte Preta. Julio César era o goleiro e Cassio foi colocado pelo técnico após o tropeço.

Antes, na conquista dos pontos corridos, houve a desclassificação diante do Tolima.

O treinador, no CT, com mais dias para ajustar a proposta coletiva, aperfeiçoou o que avaliou como prioridade e o time iniciou com uma sequência de resultados positivos.

Esses pontos a mais que os de oponentes garantiram a manutenção da liderança quando houve a queda de rendimento e o prazo para o elenco retomar o melhor futebol.

Ceni poderá fazer igual.

O treinador confirmará se, iniciando na carreira, terá capacidade de aproveitar o tempo oferecido pelos equívocos de prioridade – diretoria receia contrariar o ídolo da torcida – na preparação e gerenciamento do elenco.

Antecipando carrinhos maldosos de haters

A eliminação na Copa do Brasil foi negativa. Seria importante, para a agremiação do Morumbi, ganhar o torneio.

A conquista do Estadual é irrelevante para qualquer gigante do futebol.

Os torcedores que reclamam do jejum foram induzidos ao blablablá pelo incômodo do tropeço, ou sequer têm a plena noção de quão grande é o clube.

São 12 anos e se fossem 120 tudo continuaria igual.

O técnico Rogério Ceni tem as virtudes para extrapolar as fronteiras do país e atuar e orientar clubes da Europa. Mas há o aprendizado para atingir todo o potencial. Tite, por exemplo, era do grupo de medianos quando aceitou o convite para ser treinador no Parque São Jorge.

O próprio afirmou, em montes de entrevistas, que alterou conceitos e metodologias para se aprimorar e conquistar os maiores torneios. .

É impossível afirmar, agora, se o treinador do São Paulo conseguirá, nessa temporada, ser competente tal qual necessita a agremiação.

O resumo

Maior que a saída na semifinal foi o tropeço diante do Alvinegro, Hoje, para os gigantes, resultados nos clássicos têm impacto superior ao da conquista no Estadual.

Nesses 5 jogos do torneio, o São Paulo ganhou do Santos.  Perdeu para Palmeiras e Corinthians, e empatou duas vezes frente o clube de Parque São Jorge. Os resultados são abaixo do potencial do elenco.

Tomou 8 gols e festejou cinco.  Dispenso os números diante dos clubes pequenos para fazer avaliações da campanha. Enaltecê-los em tais jogos seria espancar estatísticas. São Paulo tem obrigação de se impor frente aos que sequer cogitam a classificação para a elite do futebol.

A goleada contra a Ponte Preta poderia ser elogiada noutro momento.

Naquela rodada tinha o treinador Felipe Moreira (Gilson Kleina posteriormente foi contratado) no Morumbi com mais de 50 mil, estreia de Ceni no estádio, e formação distinta da que eliminou Santos e Palmeiras.

Cada qual no próprio galho

A Ponte Preta pertence à elite do esporte. Os méritos são enormes por se manter ao lado de gigantes, apesar do orçamento incomparável aos de concorrentes tais quais o do tricampeão da Libertadores. Merece grandes aplausos por eliminar os clubes mais bem colocados na última edição dos pontos corridos.

Como necessita muito de troféus, garantirá a alegria da temporada, se comemorar o êxito em Itaquera.