Blog do Birner

Andrés Sanchez mina a gestão de Roberto de Andrade

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O cenário político no Corinthians é confuso e cheio de embates. O presidente Roberto de Andrade, criticado pela pequena frequência no Parque São Jorge – prefere despachar na empresa da qual é proprietário – compareceu no último sábado ao clube para a votação de alterações estatutárias.

O mandatário, que raramente convoca reuniões de diretoria, chamou cartolas contrários a sua eleição opositores no último pleito e antigos parceiros de gestão, hoje oposicionistas, e se fechou para conversarem.

Andrés Sanches, Paulo Garcia, Jorge Kalil, vice presidente que por opção saiu do cargo e faz críticas ferrenhas à gestão, e Luiz Alberto Bussab, diretor jurídico que no mês anterior assumiu a direção de relações institucionais, participaram da conversa.

O presidente avaliou que terá de conciliar mais nomes fortes do clube para conseguir administrar.

Órfão de cartolas

Integrante da comissão técnica afirmou que o momento é difícil. Nunca tinha visto o time jogar e nenhum estatutário do futebol comparecer.

Aconteceu diante do Flamengo. Alessandro, gerente remunerado,  foi o único da hierarquia a acompanhar o elenco. Sequer havia alguém empossado para ir ao Rio de Janeiro

Saída do diretor de futebol

Eduardo Ferreira renunciou e na entrevista coletiva falou que o fez porque Roberto Andrade não o consultou na contratação de Oswaldo de Oliveira, da qual discordou apesar de elogiar o treinador.

A contradição é simples de ser compreendida: o Andrés Sanchez, o líder do grupo político ao qual pertence, o orientou a sair. O ex-presidente queria minar a gestão de Roberto de Andrade.

Estratégia política antiga e de congressista  

Lembro que o deputado fez planejamento para o pagamento da Arena em Itaquera. Por enquanto, o clube sequer consegue bancar as parcelas da dívida bilionária, o que interfere na administração do clube e nos resultados dentro dos gramados.

Os louros dos ganhos com o palco dos jogos são, acima de tudo, méritos de Andrés Sanchez, assim como o ônus que o clube tiver, se a empreitada gerar dificuldades para a instituição.

A manobra para enfraquecer o Roberto de Andrade e se transformar em oposicionista pode servir para Andrés Sanchez se isentar, diante da torcida, das questões financeiras que geram declínio da qualidade no elenco do futebol. Tal estratégia é comum para caciques da política eleitos pelo povo.

Tradicional para manutenção de poder

A cartilha nacional dos congressistas reza que o povo tem memória curta e qualquer bobagem ou promessa impossível de ser cumprida será esquecida com factoides e crises. Trata pessoas como se pudesse manipular o que pensam e obtém êxito.

A gestão pública do país em muitos governos foi péssima e, mesmo assim, muitos caciques se reelegeram.

O raciocínio de pragmáticos da política é simples: o desmoronamento de algo serve como possibilidade para a construção do que pretendem, nenhum prejuízo gerado contra a instituição ou a nação os faz brecarem a a estratégia, pois a prioridade é a manutenção ou retomada de poder.

Andrés Sanchez foi vice de futebol do Alberto Dualib e um dos grandes responsáveis pelo rebaixamento.

Fez todo o possível para a concretização da parceria com a MSI, abandonou o barco na hora em que afundaria para ser candidato, o presidente renunciou após ser investigado, e o então colega de gestão ganhou a eleição de Claudemir Orsi por pequena margem de votos.

Suposta alteração de lado

No clube, se fala que Andrés Sanches pode apoiar ao Paulo Garcia, que nos últimos pleitos ficou do lado oposto ao do deputado.

Roberto de Andrade, ciente que ficaria isolado e tem ainda uma temporada inteira de mandato, decidiu fazer a reunião para conseguir gerir a agremiação.

A tentativa de se fortalecer

No Alvinegro, os especialistas na política interna garantem que houve o enfraquecimento de Andrés Sanches com os sócios.

O cartola, ao contrário do que afirma, tenta reverter isso apoiando opositores.

Algumas alterações estatutárias rejeitadas pelo cartola foram aprovadas pela quase totalidade dos votantes, o que comprovou a teoria. Mesmo com resultados positivos no pleito realizado em fevereiro do ano anterior, Rooberto de Andrade apoiado pelo deputado teve 57% dos votos, margem pequena para a gestão que montou elencos ganhadores e ergueu a Arena em Itaquera.

Alguns adendos 

É inegável que apoiado por Rosemberg e mais profissionais, Andrés Sanchez recuperou as finanças da agremiação e elevou o padrão no futebol.

Ao contrário do que houve na gestão de Alberto Dualib. dessa vez o clube pode ter alguma dificuldade para montar elenco forte, mas é quase insano cogitar que em breve irá à segundona.

A lava jato sequer exoistia durante parte das negociações dos 'naming rights'. Se atrapalhou foi porque o cartola imaginava ganhar outra regalia do Governo. Talvez nem pretendesse pagar, tal qual alguns afirmaram.

Ter a Arena em Itaquera construída arrecadando em jogos e pagar depois é grande regalia.

Se tivesse que custear a obra durante a construção, além de manter gastos com locação do Pacaembu, necessitaria montar elenco forte para manter a popularidade que o fez, por exemplo, deputado eleito pela torcida.

Seria impossível, seja qual fosse o padrão de luxo ou simplicidade, construira Arena em Itaquera.

Ainda falta muito para a eleição, são dezesseis meses, por isso articulações e composições podem ser feitas.. Na política são criadas as dificuldades, e posteriormente negociadas as facilidades. .

Os cartolas deveriam se unir em prol do Alvinegro e esquecerem questões pessoais, tal qual sugere a essência dos cargos de abnegados que labutam gratuitamente por amor pela agremiação.

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