Blog do Birner

Palmeiras e Flamengo ganharam; querer espetáculo é arrogância

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De Vitor Birner

Nem se quisesse

Alecsandro, após o Alviverde mostrar menos futebol que pode e conseguir os pontos necessários com muita facilidade, afirmou que o time atuou para ganhar em vez de tentar oferecer espetáculo aos torcedores. A avaliação e a proposta foram precisas.

O sistema de marcação anulou o de criação do América, Jaílson teve que fazer uma intervenção simples em toda a partida, e na frente, após fazer o gol, o Palmeiras diminuiu o ritmo e preferiu administrar o resultado positivo quando poderia forçar os lances e com inspiração golear.

O pragmatismo e o que alguns chamam de falta de ambição são inteligentes para quem prioriza a conquista do torneio de pontos corridos. O calendário lotado, além de dificultar a realização de treinamentos que aprimoram e agregam força coletiva, solicita que as agremiações mais competentes se poupem durante os jogos.

Nenhuma em muitas edições tem ou teve elenco com qualidade e quantidade de opções para o treinador e os torcedores exigirem espetáculo e resultado positivo.

O São Paulo tricampeão era eficaz e forte no sistema de marcação. Fluminense, Cruzeiro e Corinthians, com virtudes similares e características distintas na construção coletiva, posteriormente comemoram a conquista.

Todos conseguiram manter a regularidade na maioria das rodadas.  O Flamengo nem isso fazia e com desempenho no máximo comum, que gerou as vaias da própria nação rubro-negra durante a campanha, festejou após a sequência de êxitos do clube do Morumbi.

Querer a arte nos gramados é necessário. Ninguém deve se conformar com o vigente padrão. Mas, ao observar o calendário e o potencial da maioria dos atletas em atividade no país, a conclusão técnica afirma que a tal da caixinha de surpresas teria que ser acionada para qualquer time oferecer a estética futebolística sonhada pela maioria dos torcedores.  .

Tradição tende a ser mantida

Talvez, desde a implementação dos pontos corridos, nenhuma tenha sido espetacular. O torneio nesse formato acontece desde o aumento do êxodo de grandes jogadores.

As duas que podem ser cogitadas como representantes do futebol arte são o Santos de Robinho, Elano, Diego e Renato, e o Cruzeiro com Alex, Luxa e Gomes como protagonistas e ícones da tríplice coroa.

O Alvinegro com mais qualidade individual, alguns atletas merecem ser mencionados na rica galeria de craques da agremiação, e os mineiros mostrando futebol mais forte, por isso ganharam com sobras o então inédito troféu para o clube, além do estadual e da Copa do Brasil onde são colecionadores de conquistas.   .

Ambos tiveram êxito na primeira metade da última década e nos pontos corridos com mais agremiações.

Imaginar que hoje qualquer clube jogará em alto nível técnico na maioria das rodadas é crer na coincidência da incompetência de os europeus ao contratarem com o imprevisível que permite para os atletas, em específica temporada, renderam mais que o normal, somada com acertos e sorte de as categorias de base oferecerem os acima da média, antes de serem negociados aos endinheirados monopolizadores dos atuais craques do futebol.

Os dirigentes, em vez de atletas e treinadores, são os que podem com gestões competentes fortalecer os clubes e consequentemente o esporte.

Com méritos e menos futebol que pode

Santa Cruz teve duas grandes oportunidades enquanto podia pontuar; durante o breve empate, na qual Paulo Victor interveio e impediu o drible de Keno, e no equívoco do goleiro que permitiu ao Grafite acertar o travessão.

O Flamengo soube aproveitar as brechas no sistema de marcação do oponente; o gol de Vizeu com assistência de Éverton, e o do Willian Arão no rebote do escanteio em que Diego cabeceou com facilidade, tornaram o jogo fácil para o time da Gávea. No último os recifenses tinham adiantado todas as linhas e Émerson colocou Marcelo Cirino em frente ao Edson para finalizar e comemorar.

O clube da Gávea teve atuações mais consistentes no torneio, em especial antes da épica virada diante do Cruzeiro, ganhou com méritos no Pacaembu e continua na disputa pelo almejado troféu. Pode jogar melhor porque tem qualidade,

O time oscila como todos durante a temporada no continente.

Os resultados favoráveis em atuações aquém do próprio padrão são indispensáveis para manter o sonho de conquistar qualquer torneio grande, de regularidade, tal qual o de pontos corridos. O clássico contra o Fluminense tende a exigir mais futebol.

Máxima oferta de técnicos e jogadores

Flamengo e o Alviverde, tal qual o Atlético, têm como elevar o padrão dentro dos gramados. As margens de evolução do elenco de Cuca são menores que as dos orientados por Zé Ricardo e Marcelo Oliveira.

Os treinadores podem ser questionados. Ninguém tem como exigir montagem de times capazes de regularmente mostrarem alto nível, seja individual ou coletivo, de futebol. A oferta de qualidade afirma que arroz e feijão temperados com simplicidade e inspiração são o banquete dos resultados positivos.