Blog do Birner

São Paulo tenta milagre para seguir na Libertadores; Bauza acerta

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De Vitor Birner

O treinador acerta

Priorizar o sistema de marcação e ser eficaz nas oportunidades de gol, que tendem a ser poucas para a agremiação do Morumbi.

Bauza é realista ao planejar a proposta de futebol para tentar o 'milagre' em Medelim. Não há exagero em definir assim o que o São Paulo necessita no Atanásio Girardot, diante do time mais forte dessa Libertadores.

Exceção da exceção da exceção

Na história do torneio, houve 545 disputas em mata-mata, contando a fase anterior da atual edição. Apenas uma vez quem ganhou por margem de dois gols na ida quando foi ao campo do oponente perdeu a classificação.

A façanha foi em 2008.  O América do México recebeu o Flamengo, levou 4×2 e depois foi ao extinto Maracanã onde fez 3×0 com gols de Cabañas.

Os Rubro-Negros mostraram muita arrogância naquela noite. Homenagearam Joel Santana, contratado pela África do Sul para ser técnico da seleção no Mundial, trocaram a competitividade pela festa ao treinador  e não cogitaram a hipótese de acontecer o que o esporte dizia ser quase impossível.

Os jogadores colombianos e o técnico Reinaldo Rueda parecem manter os pés no chão.

Foram comedidos, nas entrevistas após conseguirem o resultado que os coloca quase na final, quando argumentaram sobre a possibilidade de se classificarem. Têm respeito pelos atletas e camisa da agremiação do Morumbi.

Além das estatísticas favoráveis e da postura aparentemente funcional, têm a torcida, a forma física, mais opções táticas ne a qualidade dentro do gramado como fundamentos para confirmarem a vaga na final.

É tradição na história da Libertadores 

Talvez haja a tal e famosa força de bastidores favorável ao Nacional.  No Morumbi tiveram uma oportunidade em cobrança de escanteio, quando acertaram a trave, antes de ficarem com o jogador a mais porque Maicon foi excluído em lance obviamente de cartão amarelo.

Tocavam de lado, tinha a vã superioridade após a queda de rendimento do São Paulo na parte física, e não finalizavam em condições de fazer o gol.

Sálvio Spíndola Fagundes Filho, na ESPN, afirmou que fez contato com responsáveis pela arbitragem na Conmebol, e os próprios discordaram da expulsão.

Disseram que houve exagero.

Diante do Huracán, nas oitavas-de-final, o time colombiano teve muita sorte nessa questão. Os equívocos de imposição da regras foram maiores que na semifinal, obviamente favoráveis à agremiação que segue no torneio.

Na classificação contra o Central houve invasão de torcedores após o jogo e agressões dentro do gramado, mas o tribunal da entidade, que suspende atletas por 3 jogos quando há lances mais bruscos ou ofensas que geram o vermelho, contemporizou.

Após tantas alterações forçadas na gestão da entidade, ficou complicado saber quem é de quem, e se isso acontece como noutras temporadas. O jogo político, se ainda existe como todos os dirigentes do continente creem, ficou mais difícil de ser lido, interpretado e entendido.

Ausências de jogadores machucados completam o pacote que oferece gigantesco favoritismo aos 'verdolagas'.

O treinador não tem grandes opções

Diante disso, Edgardo Bauza tem que priorizar as virtudes do time e dos atletas disponíveis.

O sistema de marcação forte necessita congestionar o campo de trás para dificultar o toque de bola, ponto mais forte do Atlético Nacional. Se puder manter todos os jogadores fora da área e atrás da linha do meio de campo, fazer a tal da compactação, será melhor.

Os laterais colombianos avançam. Se houver o bombardeio de cruzamentos na área do Denis, a tendência é acontecer o gol.

A necessidade e desfalques explicam a preferência por volantes

Hudson, Thiago Mendes e Wesley, garantiu o treinador, irão iniciar. Algum deve atuar no trio do 4-2-3-1 que tende a ser na prática o 4-5-1 com Centurión e Michel Bastos.

A efetividade, como afirmou, será imprescindível. O time tem que fazer o gol sempre que houver a possibilidade por crer que as oportunidades serão raras.

Se sair na frente pode desestabilizar o Atlético Nacional. O Rosario Central, lembro, fez isso após ganhar por 1×0 no Arroyito, e mesmo assim foi eliminado.

Será necessária enorme precisão dos jogadores do São Paulo na execução de fundamentos e da parte coletiva.

Não questiono a escalação

Colocaria Alan Kardec no centro de criação e cogitaria Carlinhos pelos lados na mesma linha. Teria feito isso no Morumbi, mas não credito à formação escolhida pelo 'hermano' o tropeço na última quarta-feira ou a solução para se hoje se classificar à final.

Seria maniqueísta, simplória e inconsistente a afirmação que tais mexidas alterariam tudo no andamento do que houve, ou que seriam da façanha necessária dentro do gramado.

Apoiar, sofrer, gritar, sorrir, amar

O torcedor deve, por dever da função, crer na classificação. Nas grandes dificuldades acontecem os capítulos mais emblemáticos e espetaculares da história.

Além disso, têm o privilégio de viver emoções, inclusive as ruins.

O realismo fica para quem é remunerado para preparar gerir e contratar, treinar times ou analisar o futebol. Acreditar, apoiar e sonhar são 'deveres' de quem ama a agremiação.

O futebol se vive além dos dias de jogos.

Fundamental: ficar em frente ao computador xingando não é sempre amor ao time. Pode ser apenas a válvula de escape de quem necessita odiar algo para existir.

Os governos, sejam de quais lados forem, garanto, não têm plena responsabilidade pela enorme incapacidade que os seres humanos mostram de convívio e formação de harmonia coletiva.

O respeito

Se o São Paulo tomar o gol e for para cima, tende a ser goleado. Os atletas têm que entrar no gramado para conseguirem classificação e atuação à altura do manto que trajam. Inclusive se não conquistarem o que é quase impossível.

Farei o post sobre a semifinal. Ótima terça-feira aos leitores e leitoras do blog!