Blog do Birner

Bastidores da saída do Luiz Cunha e do entrevero com Gustavo V. de Oliveira

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De Vitor Birner

Diretor x Funcionário

Luiz Cunha solicitou ao Leco a demissão de Gustavo Vieira de Oliveira e consequentemente do Renê Weber, braço direito do gerente-executivo nas reformas do ambiente no CT da Barra Funda e do elenco, por contratarem jogadores e não comunicarem ao dirigente. O cargo isento de remuneração é mais alto que o do funcionário na hierarquia da agremiação.

O presidente preferiu respaldar quem implementou a maioria das alterações ao invés de atender a reivindicação do diretor que chegou depois e contribuiu, é importante ressaltar, para a melhora.

Demitiu Milton Cruz e assim abriu o terreno para fortalecer a reformulação. Ambos deveriam, de alguma forma, se entender porque seria o ideal para o clube.

Leco teve que optar e preferiu manter o funcionário.

Se apegou ao que tem acontecido no futebol. Avaliou que não podia, às vésperas da semifinal da Libertadores, alterar, interromper, o que tem fortalecido o futebol.

Gustavo montou o elenco semifinalista

Do time que Bauza escalou nos momentos mais importantes da Libertadores, a maioria dos atletas foi contratada por Gustavo Vieira de Oliveira.

Bruno chegou ao Morumbi por indicação do Muricy, Rodrigo Caio subiu das categorias de base, e Ganso foi negociado por Adalberto Batista.

O gerente executivo trouxe Maicon, Mena, Hudson, Thiago Mendes, Kelvin, Michel Bastos e Calleri.

O clube necessitou pagar apenas pelas transferências dos volantes.

Além disso, Pintado, outro que o presidente considera importante, foi criticado de Luiz Cunha, que cogitou subir de Cotia outro gestor.

Diante das recusas, o sócio do clube optou por sair. Achou desrespeito ser 'o último a saber' de algumas questões do futebol.

Melhor seria se o diretor permanecesse

De personalidade forte, não e´de hoje que Luiz Cunha se posiciona com firmeza.

Apoiou Juvenal Juvêncio, mas no momento em que o então presidente optou por tentar a eleição no terceiro mandato, fez carta aos conselheiros, a qual postei e apoiei no antigo blog,  para mostrar a indignação.

Na época, Carlos Miguel Aidar, o mentor da ideia, se colocou contra o Luiz Cunha, o que serviu apenas para o sócio e são-paulino referendar com maior ênfase o que achou da estratégia política para manutenção do poder de Juvenal Juvêncio.

Nunca escutei sequer boato sobre envolvimento de Luiz Cunha em corrupção e não tenho a menor dúvida que acima de tudo é grande torcedor e ama a agremiação.

No marketing, por exemplo, argumentam que nunca houve diretor do futebol mais solicito e capaz de cooperar tanto para, unidos, conseguirem reerguer o futebol do São Paulo.

Seria melhor que permanecesse e houvesse entendimento, coesão com os funcionários, pois parece ter condições de contribuir .

A gestão fora dos gramados

O ex-diretor de futebol sabe que Leco poderia se colocar como refém da eleição, mas tem cometido gradativamente o 'suicídio político' porque faz aquilo que considera necessário para o futebol da agremiação.

Luiz Cunha, querido no conselho, tinha papel relevante para diminuir as reclamações de outros integrantes do órgão.

O presidente manteve Ataíde Gil Guerrero como diretor de relações institucionais, o que grande parte do conselho não digeriu. Internamente, a crise nunca foi encerrada.

Apenas diminuiu publicamente porque os resultados do time melhoraram.

Os mais perspicazes oposicionistas estrategicamente avaliam que não é o momento de críticas, pois poderão ser responsabilizados por eventual e normal tropeço no mais almejado torneio. A disputa por poder continua intensa e a campanha eleitoral, na prática, em andamento.

A tendência é que Leco, se não conseguir resultados de impacto no futebol ou se agravar o problema financeiro da instituição, será zebra.

Dependendo do que acontecer, sequer terá apoio da situação para se candidatar à presidência.  Ocupa o cargo, vale ressaltar, porque Aidar renunciou.

Leco é consultado

O presidente sabe quais jogadores o clube quer contratar. Gustavo Vieira de Oliveira necessita do aval para negociar.

Argumenta sobre as características dos atletas, explica como podem fortalecer o elenco, e o maior mandatário é quem avaliza e opta por disponibilizar a grana,

Por isso, obviamente, sabia da chegada de Cueva, que foi o estopim da saída do colega de clube.

A urgente e improvável alteração no estatuto

O São Paulo tem conselheiros de situação e de oposição que podem contribuir para a melhora da instituição. Mas as questões pessoais continuam sobrepondo as necessidades do clube.

Assim, o time eventualmente pode ganhar torneios, entretanto não terá plena força e manterá dentro do Morumbi os maiores entraves para ser competitivo e ganhador.

O ideal, fundamental, é que as decisões sejam técnicas, especialmente as do futebol.

Não pode ser gerido como noutras décadas.

O mais relevante, melhor que a contratação de Messi ou de qualquer atleta, seria a reforma estatutária que altera a forma de gestão, a torna mais técnica e menos política, e potencializa a obtenção de recursos para investir no futebol.

 É simples 

Enquanto não houver união em prol do São Paulo, de ambos os lados, dificilmente acontecerá. A modernização que pode encerrar a estagnação exige diminuição do poder dos conselheiros e seria tolice crer que irão abrir mão daquilo que tanto almejam.