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Final da Liga dos Campeões teve futebol mediano; foi das piores no torneio

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De Vitor Birner

A final da Liga dos Campeões destroçou clichês. O jogo foi catimbado, com simulações de faltas e de agressões, além de alguns lances duros.

Tecnicamente, não houve tanto o que elogiar. Atlético Nacional e Rosario Central, recentemente, ofereceram futebol de nível similar ou melhor.

Me refiro ao desempenho das agremiações, não ao potencial dos elencos.  O do Madrid, bilionário, bateu mais que o do Atlético.

Para sorte do time, a imposição de regras teve padrão inglês. Com mais rigor, talvez houvesse a exclusão de alguém, como a do Sergio Ramos, autor do gol irregular que foi fundamental para a conquista.

Em suma, a qualidade acima da média e refinada, que tanto se aguarda no torneio onde há agremiações com possibilidades técnicas maiores que as de seleções, o finalista mais vezes campeão tem esse perfil, ficou em Munique e na maior cidade da Catalunha.

Apenas a maior da capital tinha como ser competitiva assim. Ganhou a Liga dos Campeões mesmo não conseguindo, no mata-mata, nenhuma apresentação melhor que as de times eliminados e anteriores do próprio oponente na final.

Merece aplausos pelo feito, mas não a reverência. Talvez tenha sido, das conquistas continentais que assisti do clube, a mais chocha pelo que mostrou dentro dos gramados.

Nem nas quartas e semifinais conseguiu o futebol que fará a maioria dos torcedores ter saudades. Assim é o futebol.

A mística do grande zagueiro

Cruzamentos e contra-ataques foram as principais opções para a criação de oportunidades. Houve o impedimento no gol de Sergio Ramos.

Raros jogadores serão artilheiros em duas finais do torneio, contra a mesma agremiação, no clássico, e como único em ambas a comemorar o êxito antes da prorrogação.  Principalmente atuando nessa função.

Questionamentos no cumprimento das regras

O gol foi irregular. O zagueiro poderia ser excluído pelo carrinho em Carrasco, nos acréscimos, quando o oponente havia igualado o placar.

De qualquer maneira, não houve alterações de critérios ao longo do jogo. Pepe fez o pênalti que gerou muitas reclamações no lance interpretativo.

Tentou ir na bola e acertou o Torres, que caiu no gramado. Griezmann chutou forte, mas no travessão.

Tem categoria para fazer melhor..

Não apenas o francês rendeu abaixo do possível. O futebol dos renomados foi comum. Ninguém, na parte individual, teve desemepenho  muito acima da média e merece grande elogios.

Técnico inconsistente na leitura do jogo

Apesar da conquista, o treinador que merece ser chamado de gênio quando corria dentro dos gramados cometeu equívocos aos montes.

Recuou muito o time quando era melhor, não acertou a marcação em frente aos laterais e tomou o baile tático de Simeone, quando o 'hermano' alterou a proposta.

Danilo entrou porque Carvajal se machucou. Porque necessitava do gol,  Simeone substituiu Fernández por Carrasco, alterou o 4-4-2 para o 4-3-3 e o Atlético foi superior enquanto não conseguiu igualar o resultado.

O francês de equivocou nas trocas.

Foi tentando aumentar a marcação e a velocidade no contra-ataque, quando o resultado era favorável,  ao substituir Kroos por Isco e Benzema por Lucaz Vázquez: o meio de campo rendeu menos após as alterações. Fez todas antes da prorrogação.

Não teve a menor lógica isso, pois eram os minutos que mais exigiam condição atlética, concentração dos jogadores e a tendência era de sobressair nessa meia hora porque o cansaço impediria o postulante à inédita conquista de manter a intensidade no sistema de marcação.  .

Treinador alterou propostas depois dos gols

O Atlético piorou na prorrogação. Simeone teve que tirar Filipe Luís e Koke, porque aparentemente se machucaram. Pôs o zagueiro Lucas Hernández na lateral e o volante Partey.

Tinha recuado o time para investir em marcação, contra-ataque, e o de sempre que executa com maestria

O 4-3-3 que empurrou o Madrid para trás foi, assim que Carrasco empatou após o cruzamento de Juanfran, alterado para o tradicional 4-4-2, esquema do início do jogo e fundamental para conseguir a grande campanha que incluiu a façanha de ganhar do Bayern e do Barcelona.

O treinador não fez questão de evitar a série alternada de pênaltis.

Melhor momento técnico dos jogadores 

A tendência era de os goleiros brilharem diante de atletas extenuados e carregando o mundo nas costas em cada chute. De novo não aconteceu.

Foram frios, preferiam as finalizações no canto, deslocaram Navas e Oblak que na minoria das vezes acertaram o lado para o qual pularam.

Apenas na de Juanfran, o único que  desperdiçou por centímetros, Navas foi preciso na escolha.

O único preciso de Oblak foi no de Marcelo.

O lateral da agremiação, ao contrário do oponente que atua em função igual, mas na direita, foi certeiro no chute e cumpriu com louvor a missão de fazer o gol.

Conquista merece ser questionada

O empate explica o andamento da final. Sob tal ponto de vista, o Madrid mereceu ganhar a Liga dos Campeões, pois mostrou mais competência nos pênaltis.

Mas é necessário lembrar que o único gol do time deveria ter sido invalidado. Em suma, houve interferência de quem deveria cumprir as regras.

Tal equívoco tornou o jogo desigual, pois o Atlético não podia fazer gol assim. Mesmo tendo que alterar as próprias características e ir à frente mais do que pretendia, conseguiu o de empate em lance construído com qualidade e dentro das regras.

Apenas quando há equívoco de quem não chuta e cabeceia é possível afirmar que qualquer time não merecia o resultado.

Acontece em muitos torneios

A Liga dos Campeões teve grandes jogos. O clássico não entrou no pacote.

A importância, mais que a qualidade, garantiram ontem os grandes momentos aos torcedores.

Ficha do jogo

Real Madrid – Navas; Carvajal (Danilo 52), Pepe, Sergio Ramos, Marcelo; Modric, Casemiro e Kroos (Isco 72) Bale, Benzema (Lucaz Vázquéz 77) e Cristiano Ronaldo
Técnico: Zinédine Zidane

Atletico Madrid – Oblak; Juanfran, Savic, Godin, Filipe Luis (Lucas Hernández 109); Saúl, Gabi, Fernández (Carrasco 46) e Koke (Partey 116); Griezmann e Torres
Técnico : Diego Simeone

Árbitro: Mark Clattenburg – Auxiliares: Simon Beck e Jake Collin