Blog do Birner

Final da Liga dos Campeões não tem os melhores times do mundo

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De Vitor Birner

Se engana quem procura qualquer tipo de justiça no futebol.

Quando alguém é favorável aos torneios de pontos corridos que duram a maior parte da temporada, normalmente embasa o raciocínio na possibilidade de os clubes se programarem comercialmente, na manutenção dos jogadores em atividade profissional e principalmente na valorização esportiva dos melhores elencos.

As questões técnicas e táticas dentro do gramado ganham influenciam mais no resultado final nesse sistema de disputa. O imponderável não acaba, mas é minimizado.

Sarcasmo e crueldade formam a essência do esporte e contribuíram muito para ser o mais popular do planeta. O craque perde o gol decisivo; o atleta que não faz nenhum acerta o chute que garante a conquista; o time que se classifica na bacia das almas chega no mata-mata, ganha moral, embala e é campeão.

Dois ou três centímetros fazem a bola tocar na trave ou entrar no gol, acontecem equívocos daquele senhor, outrora sempre com vestes negras, que deve impor as regras no gramado… São muitas as variáveis no esporte que ninguém controla plenamente.

Que seja assim, pois não teria muita graça aguardar algo sempre repetitivo e com final previsível. O constante prevalecer do óbvio gera tédio, que é o maior inimigo do futebol.

O melhor time do mundo

O Barcelona encantou, conseguiu resultados elogiáveis com atuações memoráveis e caiu de rendimento na hora mais importante da temporada.

Mesmo assim, mereceu a eliminação no torneio que mais almejou ganhar. O Atlético da capital foi superior na parte coletiva.

Provavelmente não teria sido derrotado no Camp Nou, se o critério para mostrar cartões mostrado na maior parte do torneio fosse mantido quando houve a exclusão de Torres. Mereceu se classificar diante dos catalães. Conseguiu impor a proposta que pretendia.

Isso não altera o que é simples de ser observado :

Nenhum semifinalista nessa edição da Liga dos Campeões, na plenitude do desempenho, atingiu o padrão que a agremiação de Luis Enrique conseguir manter regularmente na maior parte da temporada. Todos ficaram alguns degraus abaixo.

E mais; o Bayern de Munique, eliminado em jogos nos quais o time de Simeone teve enorme dificuldade, é superior aos que chegaram na final.

Messi, Neymar, Guardiola e cia irão acompanhar, como o leitor do Uol, o momento mais importante do torneio pelos sites e na televisão.

Méritos futebolísticos de ambos os finalistas

A campanha da agremiação que tenta a inédita conquista foi mais elogiável que do postulante a ser hendecacampeão no torneio, pois teve que ganhar de oponentes com maior qualidade técnica.

Os times que citei como os melhores do mundo, na respectiva ordem, foram eliminados pelo de Simeone.

O Madrid, nas quartas e semifinais, superou Wolfsburg e Manchester City. Não necessitou mostrar grande futebol para atingir o objetivo.

Isso não diminui méritos da agremiação.

Os resultados, diante de ambos, foram de acordo com o que houve nos gramados.  O sorteio foi favorável, o que faz parte do sistema de disputa escolhido para a realização do torneio.

Muito mais que simplesmente a técnica 

Reduzir as possibilidades dos times ao que podem produzir os jogadores seria desprezar tudo que realizaram sob as as orientações dos atuais treinadores.  O elenco do Madrid é melhor.

Coletivamente, o Atlético mostrou mais força, regularidade e ninguém pode questionar a capacidade do time ganhar de gigantes do continente.

O futebol da agremiação do Simeone foi superior, nas fases recentes do torneio, ao do oponente. Não creio que decacampeão, com o que mostrou no gramado diante do Manchester City, eliminaria o Bayern de Munique.

Isso não necessariamente significa que o padrão de ambos será mantido.

Há mais aspectos que podem 'entrar' em campo. O clássico secular, a dramática derrota da agremiação menos campeã na única vez que se enfrentaram na final do torneio, da qual participaram alguns atletas que irão atuar hoje, a concentração dos jogadores no momento mais importante da temporada, o desempenho de quem foi encarregado de impor as regras do futebol, tudo pode pesar nesses minutos em que o 'discípulo' em que o gigante dirigido pelo craque francês 'discípulo' de Ancelotti enfrenta o intenso e italiano 4-4-2 do 'hermano' que montou o melhor sistema de marcação do planeta.