Blog do Birner

Santos supera o bravo Alviverde no grande jogo com alma de futebol

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De Vitor Birner

Santos 2×2 Palmeiras (4×2)

Grande jogo de futebol.

Na questão técnica executado a contento, na tática correto, e na essência muito acima da média do torneio no Estadual.

Esse último aspecto o tornou tão especial. Quem encontra apenas na técnica ultra-refinada, no talento que impressiona, prazer ao assistir os jogos, tem conceito ariano sobre o esporte.

O futebol deve ser principalmente grande gerador de emoções.

Necessita rivalidade sadia, tristeza, alegria, superação, tal qual mostraram ambas as agremiações.

O clássico, além disso, teve o herói Vanderlei,e  o provocador Lucas Lima e São Fernando Prass desperdiçando pênaltis.

Houve equívocos de ambos os time, mas isso é irrelevante no pacote do espetáculo. Os torcedores do Alviverde sentem a eliminação, e creio que reconhecem o brio dos jogadores, enquanto os santistas comemoram com mais intensidade o resultado tão valorizado pelo clube do Allianz Parque.

Roteiro da semifinal

Era óbvio que o Santos teria a iniciativa, mais posse de bola e frequência na meia.

Dorival Jr insistiu nessa proposta desde o início do torneio, inclusive quando a alteração especificamente em alguns jogos facilitaria a conquista de resultados favoráveis.

Assim deve pensar o treinador do time gigante. Fase de grupos do Estadual e jogos diante de pequenos servem, acima de tudo, como preparação para os torneios mais relevantes.

O calendário nacional do futebol não permite que as agremiações se aprimorem quanto necessitam antes dos torneios.

Cuca recém-chegou. Pegou o elenco montado, em crise, com sequência de partidas importantes pela frente, e precisou fazer testes e ajustes de acordo com as características de cada compromisso.

Não teve como implementar a filosofia que pretende. Precisa treinar, mas foram 11 partidas em 37 dias no Alviverde.

Cobrar o mesmo estágio de preparação de ambos os times é insanidade. Obviamente, o Alvinegro tinha obrigação de ficar à frente na questão tática e cumpriu.   O andamento comprovou a teoria. Lucas e Lima e cia ditaram o ritmo do clássico.

Santos pode reclamar os pênaltis

Houve dois, ambos favoráveis para o Alvinegro e não marcados.

O neo-pênalti, quando Roger Guedes pulou para interceptar o chute e a bola bateu no braço do atacante não deliberadamente [isso não é infração na regra original e 'vigente', mas as determinações da Fifa determinam que seja, para azar da essência do esporte, muitos foram assinalados e por isso esse deveria ser marcado].

O seguinte sempre foi em todos os torneio de qualquer país em que se joga futebol. Vitor Hugo chutou, de maneira involuntária, a cabeça de Gustavo Henrique.

Inquestionável.

Melhorou e por isso tomou gol

O Alvinegro tinha grande superioridade. Houve a paralisação para os atletas se hidratarem.

Roger Guedes, após o recomeço, conseguir finalizar, algo inédito para o Alviverde até os 32 minutos,  e Vanderlei fez difícil intervenção.

O Palmeiras melhorou após as instruções do treinador. Adiantou o sistema de marcação, equilibrou as ações no meio de campo e aumentou a frequência na frente.

Por isso permitiu as lacunas que geraram o gol de Gabriel.

O Santos não tinha, antes, nem como cogitar o contra-ataque, pois o posicionamento do Alviverde com muitos jogadores atrás e a posse de bola da agremiação do Dorival Jr na meia eliminaram a possibilidade.

Lucas Lima lançou com precisão, Gabriel driblou os marcadores e, com categoria, tocou no canto.

Treinadores tentam melhorar times

A postura palestrina foi mantida no segundo tempo. O time equilibrou as ações no meio de campo e continuou com dificuldade de conseguir oportunidades.

Cuca, para otimizar o sistema de criação, substituiu Robinho e Alecsandro por Cleiton Xavier e Rafael Marques.

Optou pelo meia para melhorar os toques. O atacante pelos lados, com capacidade nos cruzamentos tal qual o atleta que iniciou o jogo e se dedicou muito na marcação, entrou para executar função similar a do que saiu.

Gabriel Jesus atuou como  'centroavante'.

Após as alterações, tomou a bola de David Braz, correu, entrou na área e em frente ao Vanderlei chutou por cima.

Dorival Jr,  ao notar que o Santos caiu de rendimento, mexeu.

Trocou Vitor Bueno, apagado, por Paulinho. Havia enormes lacunas para o contra-ataque porque ambos os laterais palestrinos apoiaram simultaneamente por conta da necessidade de o time fazer o gol.

O Santos demorou dois minutos após a alteração para ampliar. Zeca e Lucas Lima articularam grande lance do lado direito do sistema de marcação do Alviverde, e o lateral fez a assistência ao artilheiro.

A confiança e a necessidade

O Santos melhorou com o gol. Ganhou confiança.

Dorival tirou Thiago Maia e pôs o Leo Citadini. Cinco minutos depois, o volante Alison ganhou a oportunidade e Gabriel, aplaudido, deixou o gramado.

Entre essas mexidas, Cuca havia colocado Gabriel Jesus e tirado Lucas Barrios, pois o novato não rendeu como nos últimos jogos, e era necessário investir em cruzamentos para tentar o então dificílimo empate.

Na raça

Os palmeirenses transbordavam tensão. Faziam faltas desnecessárias e por isso paravam e o jogo e recebiam amarelos.

Isso não impediu de conseguiram a reação que, mesmo com o time sendo eliminado, merece ser avaliada como heroica.

Enquanto a festa do Alvinegro acontecia na arquibancada, Lucas Barrios levantou na área, Rafael Marques ganhou dos zagueiros, finalizou e diminuiu.

No lance seguinte houve o cruzamento de Cleiton Xavier e o cabeceio de Rafael Marques para igualar.

Vanderlei, o gigante

O treinador do Santos tinha que reerguer o moral dos jogadores para a série de pênaltis. Os do Alviverde, confiantes, foram tomados por otimismo e chegaram fortalecidos.

Havia Fernando Prass,  competente nesses lances, com histórico recente favorável.

Lucas Lima inaugurou a série e o goleiro, para apimentar mais,  impediu o êxito do twittero.

O momento era muito positivo para o Alviverde.

Mas havia o personagem que quase ninguém cogitou como provável referência da classificação. Vanderlei acertou os cantos em quase todas as cobranças dos palmeirenses.

Pegou as de Lucas Barrios e do candidato a herói Rafael Marques, e não pulou na última, para fora, do Fernando Prass.

O melhor se classificou

O Santos é, hoje, melhor que o Alviverde.

Talvez, se os pênaltis fossem marcados, não teria sofrido tanto para chegar à final.

O Palmeiras merece elogios pela capacidade de superar tantas dificuldades.  Foi assim nos últimos jogos de Cuca, que terá semanas para treinar e fazer o time chegar forte no torneio de pontos corridos.

Ficha do jogo

Santos – Vanderlei, Victor Ferraz, Gustavo Henrique, David Braz e Zeca; Renato e Thiago Maia (Léo Cittadini); Gabriel (Alison), Lucas Lima e Vitor Bueno (Paulinho); Ricardo Oliveira
Técnico: Dorival Júnior

Palmeiras – Fernando Prass; Jean, Thiago Martins, Vitor Hugo e Egídio; Gabriel, Matheus Sales, Robinho (Cleiton Xavier) e Roger Guedes; Alecsandro (Rafael Marques) e Gabriel Jesus (Lucas Barrios)
Técnico: Cuca

Árbitro: Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza – Assistentes: Anderson Jose de Moraes Coelho e Alex Ang Ribeiro