Blog do Birner

Zaga do São Paulo, cansaço e grande futebol do Audax geraram a goleada

birner

De Vitor Birner

Audax 4×1 São Paulo

A classificação, com sobra, da agremiação pequena, é simples de ser avaliada.

Foi superior na parte física, técnica e coletiva durante o segundo tempo, por isso conseguiu a goleada.

Antes, enquanto os escalados por Bauza conseguiram correr para impedir a transição do GOA com toques de bola à frente, tal qual Fernando Diniz aprecia e exige, os equívocos da dupla de zaga  garantiram o resultado favorável ao time que se classificou.

O Audax merece aplausos de quem aprecia futebol.

Em alguns momentos, como no lance em que tomou o gol, poderia ser mais objetivo, inteligente, pois a saída de trás padrão do time não tinha muita possibilidade de redundar na oportunidade de gol.

Mas a proposta coletiva do treinador é essa. Fundamentalista na manutenção do conceito que quase ninguém tenta implementar, comemorou o êxito gerado pelas convicções que tendem a melhorar a subjetiva estética do futebol.

Bauza se equivocou

Não deveria ter escalado os principais jogadores. A maior virtude do Audax é toque de bola que força os oponentes a correrem muito na marcação.

Tanto fazia para a agremiação do Morumbi conquistar o estadual. O único valor de atingir tal meta, se conseguisse, seria ganhar clássicos, mais importante que o troféu do outrora relevante e hoje decadente torneio.

Pequenos e muito mais radicais

O São Paulo insiste em nos toques e nos lances de frente por fora das linhas do time com o qual atua. O treinador quer, assim, espalhar a marcação para encontrar lacunas e criar as oportunidade

O técnico Fernando Diniz é fundamentalista na manutenção da bola. Monta a estrutura coletiva com base nisso os jogadores trocam de posições constantemente. São praticamente proibidos de fazerem lançamentos longos.

Parece preferir tomar o gol tentando que permitir aos atletas tentarem isso, por opção ou necessidade, em determinados momentos.

Teoria mais fácil que a prática

Ambos os treinadores sabiam o que precisariam superar. Era óbvio.

O do Audax teve como fazer ajustes embasados naquilo que o jogo exigia. Enquanto isso o Bauza se preparou para o que mais importava, e ganhou contra o atual campeão da Libertadores.

Mesmo assim, precisando lidar com o desgaste de jogadores e quase nenhuma labuta específica para o jogo,  o 'hermano' determinou que o sistema de marcação jogasse adiantado, pois queria retomar a bola na frente e fazer o gol.

Zagueiros não corresponderam

O 2×1 no 1°t, favorável á agremiação pequena, teve preponderante participação dos zagueiros do São Paulo. Bauza acertou ao deixar Maicon no banco.

É o único, do elenco, que mostra a firmeza necessária.

O Rodrigo Caio, que tem qualidade técnica e por isso exagera [em todos os jogos erra o toque ao menos uma vez na saída de bola], manteve a média e Denis precisou fazer duas intervenções muito difíceis para impedir que Juninho do Audax, aos 9 minutos, comemorasse.

No lance seguinte, Ganso tentou encobrir o goleiro Sidão, que interveio para impedir o golaço.

O time do Morumbi conseguiu fazer marcação adiantada, o que fez o time frequentar mais o campo de frente. Foi, por pouco, superior.

Mas a fraca atuação dos zagueiros, inclusive nas finalizações, redundou no resultado que não queriam.

No primeiro gol, Lugano se equivocou no toque simples. O centroavante Ytalo avançou com ela, chutou, houve o desvio em Rodrigo Caio e Denis não teve como intervir.

Oportunidades de ambos

Em seguida, Bauza inverteu os lados de Michel Bastos e Kelvin.

Na direita, o criticado pela torcida retomou a bola e tocou para Calleri entrar na área. Frio, o centroavante finalizou por entre as pernas de Sidão, e fez questão de comemorar indicando que dividiu o gol com o veterano colega do elenco.

O Audax teve dificuldade para marcar os cruzamentos. Rodrigo Caio não conseguiu tocar na bola quando ela cruzou a pequena área em frente aos zagueiro.

Em seguida Michel Bastos tocou para Calleri obrigar Sidão, o melhor em campo, impedir a virada com o pé.

Os equívocos e a habilidade

No momento em que o São Paulo era melhor,  Yuri preferiu o lançamento por cima.

Do meio de campo, na medida, encontrou Ytalo na área, sozinho, que conseguiu a difícil finalização e o gol.

Tanto Rodrigo Caio quanto o Lugano poderiam acompanhar o centroavante, mas demoraram. Não faltou raça para a dupla, mas sim futebol.

Previsível vareio

Obviamente, a correria na Libertadores e a do primeiro tempo redundariam em perda de força física e de rendimento durante os 90 minutos.

Se o São Paulo ganhasse a primeira parte, depois poderia ser conservador. Como perdia, necessitou sair para o jogo, e o oponente inteiro tinha possibilidade de melhorar.

A agremiação do Morumbi não conseguiu marcar a saída de bola e a quantidade de equívocos de fundamentos ficou maior, enquanto a de Fernando Diniz melhorou, foi muito superior no 2°t, se impôs e ganhou.

Mais dos zagueiros

A dupla ficou sobrecarregada porque o Audax aumentou muito a frequência no campo de frente. Mesmo assim era possível intervir em ambos os gols.

Aos 5, Juninho cobrou a falta, a bola tocou na trave e, no rebote, Maike finalizou.

O Rodrigo Caio tentou o carrinho, mas demorou. Não seria simples intervir, mas tinha que ficar atento.

Dez minutos depois o Hudson retomou a bola na área e se equivocou na sequência da grande oportunidade de o São Paulo diminuir.

O volante, que normalmente mostra futebol abaixo do suficiente e tinha feito a melhor apresentação pelo clube no último compromisso da Libertadores, quando talvez tenha sido o melhor no gramado, foi mal na parte ofensiva, além de não cumprir a contento as funções no sistema de marcação.

Bauza, por isso e pelo cansaço, colocou Wesley e o tirou.

Tinha optado, pouco antes, por Centurión e Alan Kardec e as saídas de Kelvin e Michel Bastos.

Mais fácil

O São Paulo tinha que adiantar o sistema de marcação, mesmo sabendo que isso dificilmente alteraria o panorama e aumentaria a possibilidade de tomar gols.

No contra-ataque, Mike foi lançado com enorme avenida para carregar a bola, driblou o Mena, chutou, o Denis rebateu e Juninho tocou às redes para festejar a goleada.

Rodrigo Caio não tinha quem marcar, além do artilheiro, pois o Thiago Mendes conseguiu chegar na área.  O lance rápido exigia a difícil leitura do zagueiro, que por causa do posicionamento ficou impossibilitado de intervir.

Mike alguns minutos depois acertou a trave e quase ampliou a goleada.

Bruno Silva, Danilo Tchê Tchê e Camacho, na devida ordem, foram substituídos por Bruno, Felipe Rodrigues e Maurício, o time manteve a grande superioridade, mas não foi capaz de criar outras oportunidades.

Foi inquestionável

O Audax mereceu a classificação. Cometeu menos equívocos e e teve mais acertos.

O empate ou nada

O São Paulo terá diante do  The Strongest com novo treinador, o jogo mais complicado na tentativa de se classificar às oitavas-de-final na Libertadores.

Se conseguir, tornará o vareio no estadual quase irrelevante. A eliminação potencializará o impacto de todos os tropeços com o treinador e noutras temporadas de jejum de conquistas.

Ficha do jogo

Audax – Sidão; Yuri, André Castro, Bruno Silva (Brunno Lima, aos 34'/2ºT) e Velicka; Danilo Tchê Tchê (Brunno Lima, aos 41'/2ºT), Camacho (Maurício, aos 43'/2ºT) e Juninho; Mike, Bruno Paulo e Ytalo
Técnico: Fernando Diniz

São Paulo – Denis; Bruno, Lugano, Rodrigo Caio e Mena; Hudson (Wesley, aos 26'/2ºT) e Thiago Mendes; Kelvin (Centurión, aos 17'/2ºT), Ganso e Michel Bastos (Alan Kardec, aos 17'/2ºT); Calleri
Técnico: Edgardo Bauza

Árbitro: José Claudio Rocha Filho – Auxiliares: Daniel Paulo Ziolli e Risser Jarussi Corrêa