Os rolês da alma do futebol no Allianz Parque e em São Januario
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De Vitor Birner
Ela anda meio longe dos estádios.
Não curte o padrão-Fifa.
Rebelde com causa
Fica entediada com aquele monte de gente sentada.
A ausência dos olhos arregalados, sofridos ou otimistas pela esperança de a agremiação fazer o gol, a incomoda.
Se entristece ao notar que alguém raciocina e pega o celular para registrar o lance mais emocionante, pois o mundo não para mais e nem tudo sai da mente no segundo em que o jogador finaliza, ou corre com a bola e fica em frente ao guardião das traves.
Faz força para não ficar brava ao reparar que o geraldino e o arquibaldo frequentam menos os jogos porque o selfienghway ocupa os lugares.
Fisiológica
O cérebro, dela amante de adrenalina, não assimila como alguém na hora do gol ,em jogo importante, consegue pensar em algo além das paredes do local onde acontece o esporte.
A arquibancada é o coração do futebol e essa alma nascida para potencializar tristeza e alegria, empolgação e frustração, orgulho e vergonha, transformando o esporte em glória e catástrofe lúdicas, precisa de batimentos fortes para o o organismo fazer chegar à pele tantas emoções proporcionadas pelo rudimentar espetáculo.
Experiente
Mesmo assim ela não desperdiça a oportunidade de se divertir.
Farejou que, em São Januário, algo poderia acontecer.
Foi ao templo futebolístico cruz-maltino, pediu perdão para São Pedro que de vez em quando se rebela e tenta melar as partidas como ocorreu diante do Santos, notou o alagamento no túnel de acesso ao lugar onde os jogadores se trocam, fixou o olhar no santo, pediu perdão a Deus por contrariá-lo, e pegou na mão de Nenê para levá-lo ao vestiário pelo meio da torcida.
Pirracenta, caminhou sorridente, feliz, enquanto o povo pilhava seu representante no gramado.
Aceitou abrir a exceção
Gostou tanto da arquibancada não construída nas calçadas e asfalto da Rua Turiassu, que tem ido corriqueiramente naquele local e topou, ontem, entrar na Arena e contagiar o ambiente com sua energia que faz o espetáculo muito além dos dribles e passes.
Por isso, a torcida proporcionou o show com qualidade maior que o dos jogadores na final do torneio.