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Santos coloca um dos pés na final; São Paulo melhorou, mas não o bastante

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De Vitor Birner

São Paulo 1×3 Santos

Doriva tirou parte do gesso do seu time.

Dorival repetiu a proposta coletiva que faz o Peixe mostrar futebol de primeira linha no padrão nacional.

O entrosamento maior foi um dos trunfos para conseguir ganhar.

A maior capacidade de manter concentração, o padrão tático condizente com as características de seus atletas e a enorme superioridade santista nas finalizações, a dificuldade de o São Paulo marcar os cruzamentos nascidos em escanteios desde a chegada de Doriva, além das opções dos treinadores quando fizeram alterações ao longo do jogo, praticamente colocaram o Alvinegro na final.

Até se mostrar seu melhor futebol na Vila Belmiro, será complicado para a agremiação do Morumbi marcar a quantidade de gols necessária para se classificar.

Desobediência construtiva

O São Paulo marcou a saída de bola em grande parte do jogo.

Tomou a iniciativa e ficou na meia, trocando passes, tentando encontrar lacunas no sistema defensivo do Santos.

A proposta de jogo foi muito distinta da que Doriva tenta implementa,r e mais parecida com a de Juan Carlos Osorio.

Fiquei com a impressão que os jogadores, em especial os mais rodados, falaram com o treinador para alterar a forma de atuarem.

As lideranças do elenco tomaram a rédea e determinaram que o gesso colocado neles diante de Fluminense e Vasco fosse retirado, ou impuseram isso ao comandante, pois alguns atletas têm 'tamanho' para fazer isso em momentos importantes como na semifinal do torneio.

Se eu agregar ao raciocínio que Rogério Ceni, obcecado por títulos, provavelmente tem a sua última oportunidade de ganhar outro, fica ainda mais óbvio que houve a interferência positiva.

Houve alguns ajustes nessa 'osorização'.

O esquema tático foi o 4-2-3-1, com Michel Bastos e Pato pelos lados do trio de criação, e Ganso entre eles, todos perto de Luis Fabiano.

Os volantes Thiago Mendes e Rodrigo Caio apoiaram, assim como os laterais Bruno e Matheus Reis.

O São Paulo entrou no gramado do Morumbi para mostrar futebol porque tem condições técnicas.

Incômodo e proveito

O Santos não teve novidades na parte tática.

Dorival Jr formou o 4-2-3-1 com variação para o 4-4-2 e que, se o time tivesse mais frequência no campo de ataque, seria o 4-3-3.

No trio de criação, Gabigol e Marquinhos Gabriel atuaram pelos lados e Lucas Lima entre eles.

Como têm muita mobilidade, eles não necessariamente ficaram sempre no mesmo lugar.

Quando apenas dois retornaram para a linha dos volantes Renato e Thiago Maia, houve a flutuação, mas, quase sempre, o meio de campo contou com o quinteto e apenas Ricardo Oliveira ficou adiantado para ser acionado no contra-ataque, que foi a principal opção, antes do intervalo, para o time fazer gol.

Os santistas provavelmente esperaram enfrentar um time menos ousado.

Ao compreenderem o andamento do jogo, ficaram atrás, pois havia enormes lacunas para seus atletas velozes tentaram aproveitar, e investiram muito nos lançamentos longos.

Os gols

Luis Fabiano, tal qual sempre acontece em jogos decisivos desde quando foi recontratado, perdeu oportunidade de fazer a torcida comemorar após Ganso, que se esforçou muito, ganhar no carrinho e colocá-lo em condição de finalizar na área. No minuto seguinte, Lucão, de cabeça, quase superou Vanderlei.

O Santos não tinha ido ao ataque quando teve a falta na lateral, ainda na defesa, cobrada para Lucas Lima, na ponta, cercado por três atletas, receber a falta de Rodrigo Caio, Raphael Claus acertar ao mandar o lance seguir e Daniel Guedes tocar para Gabriel ficar em frente ao Rogério Ceni, que não conseguiu fechar o ângulo, e chutar com categoria no canto direito.

O resultado favorável reforçou a proposta de jogo de ambos os times.

Luis Fabiano, alguns minutos depois, na entrada da área perdeu outra oportunidade.

O empate aconteceu na jogada que não teve a participação do polêmico atacante. Michel Bastos acertou bonito lançamento  para Alexandre Pato, o lateral Daniel Guedes falhou no posicionamento, o atacante dominou com o peito e tocou com  classe no canto.

O São Paulo teve o lance que poderia garantir a virada.

Não por coincidência, novamente o centroavante não tocou na bola.

Pato cruzou para Ganso, que por jogar no entorno da área observou a brecha para entrar nela, ninguém o marcou e e, de frente para Vanderlei, errou o chute.

Doriva e a categoria

Li duas estatísticas, e não chequei nenhuma para saber qual é a certa, dando conta que nos últimos 24 ou 28 jogos com Osorio, o São Paulo não tomou gols de escanteio.

Desde a chegada de Doriva, que aumentou a quantidade de atletas na área para a marcar esses lances, o time levou um gol assim diante do Fluminense e outro contra o Vasco.

A média foi mantida frente o Santos.

O Alvinegro, salvo engano, não havia cobrado nenhum, mas logo após o intervalo, quando teve a oportunidade, levantou na área, a bola quicou, Renato cabeceou e Ricardo Oliveira, com muita categoria – a jogada foi muito mais difícil que as perdidas por Luis Fabiano – chutou de maneira inteligente, no canto, e recolocou o Peixe na frente.

O Santos, para não ter que ficar atrás olhando a torca de passes são-paulina, adiantou a marcação. Precisou mais 5 minutos, talvez nem isso, para Lucas Lima cruzar e Marquinhos Gabriel fazer outro gol.

Errado

Doriva decidiu tirar Michel Bastos, aos 9 minutos, e colocar Alan Kardec.

Escolher o atleta que não tem ritmo de jogo, pois passou mais de um semestre machucado, e tirar o experiente, que atuou de maneira convincente, especialista nos chutes de média distância importantes no gramado encharcado por causa da forte chuva, para investir em chuveirinho, foi algo baseado de novo no conservadorismo.

Até para implementar tal estratégia, teria sido melhor trocar o Mateus Reis ou o Luiz Eduardo pelo atacante e formar o 3-4-1-2 (3-4-3).

Tinha que posicionar o trio na zaga com o que ficou, Lucão e Rodrigo Caio, recuar o Ganso para ser parceiro de Thiago Mendes, posicionar Bruno e Michel Bastos (qualidade no cruzamento) nas alas,  Luis Fabiano e Alan Kardec como centroavantes e permitir que Pato se mexesse em busca de lacunas ou até se posicionasse, dependendo dp momento, como terceiro homem para aproveitar os cruzamentos.

Aos 23, após notar que o time não conseguia levantar tantas bolas na área, mandou Centurion ao gramado e tirou Luis Eduardo.

Dorival demorou

A entrada do argentino otimizou a capacidade de o sistema ofensivo conseguir os cruzamentos e chuveirinhos.

O treinador santista demorou para oferecer o antídoto.

Poderia recuar Thiago Maia, se não queria mexer na escalação, colocá-lo mais perto dos zagueiros, mas não fez isso.

Werley e David Braz ficaram em muitos momentos mano a mano contra a dupla de centroavantes.

Normal

Alan Kardec teve duas oportunidades em cruzamentos, uma mais difícil e pegou embaixo da bola, outra de cabeça que passou muito perto da trave e Luis Fabiano não conseguiu chegar na hora de fazer o gol, antes de Dorival reforçar a zaga com Paulo Ricardo no lugar de Gabriel.

Os erros de finalização foram normais, comuns, para quem não tem ritmo de jogo.

Depois da alteração, o Santos começou a ganhar a maioria das dividas por cima.

Mexeu

Reinaldo no lugar de Mateus Reis e Neto Berola no de Marquinhos Gabriel, restando poucos minutos, foram as opções dos treinadores.

O santista, nos acréscimos, acertou a trave e teve azar, pois a bola tocou em Rogério Ceni e não entrou no gol.

Pouco antes, Alan Kardec, de cabeça, desperdiçou outra oportunidade ao cabecear e ela sair rente à trave.

Com maior sequência de jogos melhorará o aproveitamento.

E, de qualquer maneira, foi mais efetivo na hora de se posicionar e conseguir finalizar, que o outro centroavante da agremiação do Morumbi.

Gustavo Henrique ocupou o lugar de Ricardo Oliveira para impedir o São Paulo de fazer outro gol.

Um pé inteiro e parte do outro na final

O São Paulo precisará fazer três gols na Vila Belmiro para tentar se classificar.

O Santos, além de mais entrosado e de contar com o centroavante melhor nas finalizações, atuará onde mais gosta, diante de seus torcedores, e sabe que terá o contra-ataque.

Entrará no gramado com  enorme favoritismo para chegar na final.

Será um desastre, ou façanha, dependendo da preferência por agremiação, improvável, se não confirmar a classificação.

Ficha do jogo

São Paulo: Rogério Ceni; Bruno, Lucão, Luiz Eduardo (Centurión) e Matheus Reis; Rodrigo Caio e Thiago Mendes; Michel Bastos (Alan Kardec), Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato; Luis Fabiano
Técnico: Doriva

Santos: Vanderlei; Daniel Guedes, David Braz, Werley, Zeca; Thiago Maia e Renato; Marquinhos Gabriel (Neto Berola), Lucas Lima e Gabigol (Paulo Ricardo); Ricardo Oliveira (Gustavo Henrique)
Técnico: Dorival Júnior

Árbitro: Raphael Claus – SP (FIFA) – Auxiliares: Rogério Pablos Zanardo e Carlos Augusto Nogueira Junior