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Sob a luz de Tite, Corinthians consegue empatar com a Ponte Preta

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De Vitor Birner

Ponte Preta 2×2 Corinthians 

Duvido que a absoluta maioria dos torcedores do Alvinegro aplaudiu o Tite quando colocou Rodriguinho no lugar de Elias, apesar da queda de rendimento do titular naquele momento, no intuito de fortalecer o meio de campo e igualar o resultado.

O escolhido pelo melhor treinador nascido no país, acertou, em lance de lateral colocado diretamente na área, o chute preciso e fez o gol.

A Macaca ditava o ritmo do jogo e não oferecia lacunas ao líder do torneio de pontos corridos.

Tinha conseguido equilibrar quase todo o primeiro tempo, menos nos minutos finais em que Jadson fez o belo no gol e houve a superioridade corintiana, e tomou conta do jogo após o intervalo.

O empate, apesar de haver uma dúvida na posição do autor do cruzamento no lance do 1×1, teve menos sabor para a agremiação que merece elogios por se manter na elite do futebol nacional com orçamento menor que doutros clubes.

Doriva

Toda estrutura de jogo preparada pelo Tite tem como alicerce o meio de campo.

O quinteto formado por Ralf em frente de Felipe e Gil, mais Jadson e Malcom, pelos lados, Elias e Renato Augusto, entre eles, fecha as lacunas para impedir os laterais e zagueiros de ficarem expostos.

Todos, menos o volante que tem na marcação a maior virtude, chegam constantemente na meia e no ataque, onde atua Vagner Love, e têm que ditar o ritmo do jogo, pois criam e fazem a maioria dos gols.

Doriva, ciente dessa estrutura coletiva, tentou neutralizá-la.

Ao invés de aguardar atrás e congestionar a entrada da própria área, optou por adiantar o sistema defensivo, forçar o erro de passe dos laterais ou da dupla de zaga corintiana, ambas têm menos qualidade neste fundamento, e impedir os os meias de receberem a bola na região do gramado onde rendem mais.

Disse ao Borges, centroavante, Felipe Azevedo e Biro-Biro, abertos e se deslocando entre a meia e o ataque, e Cristian, o principal articulador, que iniciassem a marcação, se possível, na área de Cassio e no entorno dela.

Eles cumpriram o planejamento tal qual queria o treinador.

Igual

A dificuldade para fazer a transição ao ataque, tabelando, forçou o Corinthians a apelar para os lançamentos longos, pelo alto, e ineficazes.

O melhor técnico do país, então, pediu marcação adiantada, pois essa seria outra maneira de retomar a bola mais na frente e por consequência aumentar o volume de jogo no meio de campo, além de diminuir o número de chutes de média distância e de cruzamentos da Ponte Preta na área de Cássio.

O jogo se concentrou na meia, em pequeno trecho do gramado, e com ampla superioridade do sistemas defensivos.

Cansaço e talento

Marcar na frente exige mais da condição física dos jogadores.

Quem faz isso precisa manter quase todos os atletas, atentos, da linha que divide o gramado para frente, para impedir o lançamento e a disputa de seus zagueiros, na corrida ou mano a mano, contra o atacante.

Dos 34 minutos em diante, a Ponte Preta perdeu um pouco de força para executar o que o treinador preparou.

O Corinthians, que teve, antes disso, uma grande oportunidade desperdiçada por Jadson, na falha do lateral-direito Rodinei, passou a trocar mais passes na meia, finalizou duas vezes na área com Malcom e Elias, e conseguiu o gol para desestruturar a ideia de jogo implementada pelo treinador do time do interior.

O lance teve o deslocamento de Malcom para a direita, o toque de Elias e a finalização com muita categoria, precisa, de Jadson quase no ângulo.

Outro jogo

Antes do intervalo, o sistema ofensivo da Ponte Preta se concentrou em Borges, Cristian, Felipe Azevedo e Biro Biro,

As participações tímidas dos laterais e volantes, que apoiaram de maneira conservadora, um de cada vez, pouco contribuíram. Eles priorizaram a preocupação com o forte contra-ataque do Corinthians.

O resultado de 1×0 convenceu o treinador a permitir mais jogadores na articulação dos lances de gol.

Elton, parceiro de Juninho como volante, apoiou muito e se destacou.

Os laterais Rodinei e Gilson foram à frente simultaneamente.

A estratégia ousada, que rendeu resultado, teria falhado se Felipe, na pequena área, aos 2 minutos, não tivesse perdido grande oportunidade após o cruzamento feito por Jadson.

Superior

O time de Doriva foi melhor que o Corinthians daquele momento em diante.

A alteração da proposta coletiva não foi o único motivo. A enorme queda de rendimento do meio de campo, em especial de Elias, Jadson e Malcom, interferiu no desempenho.

Eles não conseguiram criar o bloqueio no setor e erraram em toques de bola simples.

Deixaram vulnerável o sistema de marcação e inoperante o contra-ataque.

A Ponte Preta teve oportunidade de empatar antes de conseguir seus gols

Mexeu

A troca de Cristian por Diego Oliveira, aos 12, funcionou.

Aumentou a mobilidade e tornou mais rápido o sistema ofensivo, porque formou o trio de criação com jogadores que investem em dribles e têm características de atacantes.

Gols

A Ponte Preta igualou, aos 14, no cabeceio difícil e preciso de Elton, e comemorou de novo com Felipe Azevedo, que finalizou depois de Cassio rebater o chute de Biro Biro.

Quem conhece o futebol corintiano, a de observar como foi fácil para Rodinei ( mesmo após a repetição, é complicado ter convicção se havia o impedimento do lateral) cruzar no 1×1, e a moleza do meio de campo corintiano durante a construção do lance do 2×1.

Necessidade

Ao notar a superioridade da Ponte Preta e o desempenho ruim de alguns de seus principais atletas, Tite mexeu, por questão técnica, não tática, nos pilares do time.

Aos 22, Lucca ocupou o lugar de Malcom, pois era fundamental melhorar a marcação do lado e ter alguém que crê ser capaz de driblar. Junto, optou por Rodriguinho e a saída de Elias.

Doriva, alguns minutos depois, trocou Borges por Alexandro. Em seguida, mexeu na forma de o time atuar com a entrada de Fabio Ferreira, zagueiro, e a saída de Felipe Azevedo

Danilo na função de Jadson foi a última tentativa de Tite para otimizar o sistema ofensivo.

Iluminado

As alterações diminuíram o volume de jogo da Ponte Preta, mas não aumentaram muito o do Corinthians.

O time trocou mais passes na meia e não conseguiu criar a oportunidade de igualar.

Mas, em um daqueles lance que combinam com as agremiações campeãs, agraciadas pela sorte além do mérito da competência, fez o gol do empate.

Edilson, em cobrança de lateral, mandou a bola na área, Ferron cabeceou para o meio dela e Rodriguinho, de primeira, chutou forte, na direita, de maneira quase impossível para Marcelo Lomba interferir.

A maioria dos torcedores provavelmente ficou ressabiada quando Tite colocou o inusitado artilheiro que garantiu o importante ponto.

Ousados

Ambas as agremiações tentaram ganhar nos últimos minutos.

Rodinei mereceu ser excluído por causa do outro cartão amarelo.

Sabor

O empate, por conta do que houve após o intervalo, foi um pouco amargo para o time que não tem possibilidade de ser campeã.

Ficha do jogo

Ponte Preta – Marcelo Lomba; Rodinei, Renato Chaves, Ferron e Gilson; Elton e Juninho; Felipe Azevedo (Fábio Ferreira), Cristian (Diego Oliveira) e Biro Biro; Borges (Alexandro)
Técnico: Doriva

Corinthians – Cássio; Edílson, Felipe, Gil e Yago; Ralf; Jadson (Danilo), Elias (Rodriguinho), Renato Augusto e Malcom (Lucca); Vagner Love
Técnico: Tite

Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP) – Assistentes: Marcelo Carvalho Van Gasse e Miguel Cataneo Ribeiro da Costa